4MDG atrai BR Angels e Darwin com plataforma para organizar dados
Se o big data pode ser uma ferramenta poderosa de vendas e relacionamento com o cliente, a desorganização e a falta de controles de privacidade podem causar dor de cabeça — quando não um passivo judicial — às empresas. De olho nisso, a 4MDG lançou, pouco antes da pandemia, uma plataforma no-code para fazer o saneamento e a governança de dados para clientes corporativos. O negócio atraiu a atenção do grupo de anjos BR Angels, que acaba de aportar cerca de R$ 4 milhões numa rodada com participação da aceleradora Darwin Startups.
Criada em 2020, a 4MDG surfou um ambiente de negócios cada vez mais preocupado com dados no contexto das discussões da LGPD. Em pouco mais de três anos de operação, reuniu companhias com faturamento superior a R$ 200 milhões, nomes como Dasa, Softys, Random e Panasonic, além de unicórnios como iFood e Loggy. São 70 empresas, ao todo, no Brasil, Argentina e EUA.
“Não existe IA sem dados de qualidade. A gente sabe que as empresas carecem muito de dados fidedignos e tem ainda a questão de privacidade”, diz Orlando Cintra, fundador e presidente do BR Angels. “É comum a gente ver companhias que têm enormes bases de dados, mas não conseguem acessar de forma correta e, mesmo quando conseguem, percebem que a qualidade é ruim, não dá para tomar decisão com base naquele dado.”
Com a plataforma da 4MDG, as empresas clientes conseguem montar seus fluxos de cadastros de clientes, fornecedores e produtos, respeitando os parâmetros necessários, sem precisar de um programador e de acordo com suas necessidades. Segundo a startup, é uma ferramenta simples que pode ajudar companhias a avançarem concomitantemente nas frentes de transformação digital, conformidade com a LGPD e agenda ESG.
“Temos como um dos próximos objetivos automatizar todo o processo, a ponto de acontecer o preenchimento automático de todos os campos só com base em um CNPJ”, conta Paulo Cordeiro, fundador e CEO da 4MDG. “Nosso software armazena tudo num big data, faz análises e relatórios e também consegue buscar informações na internet de forma segura e simplificada.”
Natural da periferia na zona leste de São Paulo e filho de pais com baixa escolaridade, Cordeiro começou a trabalhar com serviço braçal ainda aos 12 anos. Foi também nessa época que se interessou por computação, folheando revistas de tecnologia nas bancas. No colégio estadual, conseguiu desconto num curso de informática, algo raro nos anos 1990, e aprendeu a programar. Mais tarde, formou-se técnico em TI e concluiu uma graduação em administração.
Ciente da transformação que o ensino técnico de qualidade pode gerar na vida de um profissional e, a longo prazo, no mercado como um todo, o CEO vai dedicar parte do cheque que entra agora à formação de especialistas em governança de dados. A startup já vinha criando turmas para treinamento antes do aporte.
Quando trabalhava na SAP implementando sistemas para grandes empresas, Cordeiro conheceu os demais sócios-fundadores com quem criou a 4MDG. O quarteto, todo composto por profissionais de tecnologia, inclui Arieta Povidaiko, especialista em dados mestres há 20 anos no setor; Flávio Souza, que passou por gigantes como Marfrig e Latam; e Cesar Coelho, que passou 15 anos implementando softwares da SAP em projetos corporativos.
Antes dessa rodada, a 4MDG já havia atraído investimento menor, de R$ 1 milhão, da Meta Ventures, em 2021. Dessa vez, o capital aportado pelo BR Angels será investido na contratação de pessoal e em infraestrutura de nuvem para o produto, mas também será suficiente, de acordo com os executivos, para impulsionar a expansão para outros países latino-americanos e fortalecimento da operação na América do Norte.
Fonte: Valor Pipeline
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