Investimentos-anjo cresceram 17% em 2021, atingindo patamar de R$ 1 bilhão
O volume de investimentos-anjo realizados no país voltou ao patamar de R$ 1 bilhão em 2021, nível que havia sido atingido em 2019. É o que mostra um levantamento realizado pela Anjos do Brasil, organização sem fins lucrativos de fomento ao investimento-anjo. Os dados foram presentados durante o Congresso de Investimento Anjo 2022, realizado nesta quinta (23/6) em São Paulo (SP).
O resultado representa um crescimento de 17% em relação a 2020 e uma retomada dos números pré-pandemia. Com base nas perspectivas de investidores, o relatório estima um crescimento médio de 10% para esse tipo de investimento em 2022. A pesquisa foi realizada em fevereiro, antes do cenário de reajuste vivido hoje pelo mercado. Para Cássio Spina, presidente e fundador da Anjos do Brasil, porém, a tendência é que as expectativas se estabilizem ao longo do ano.
Apesar da perspectiva de crescimento, o volume ainda é considerado insuficiente para acompanhar o crescimento do ecossistema de startups brasileiro. “O investimento em startups precisa de estímulo e apoio para crescer e atingir todo seu potencial, que deveria ser R$ 10 bilhões ao ano, proporcionalmente ao efetuado em outros países”, avalia Spina. Segundo ele, embora os investidores-anjo não tenham o retorno financeiro como único objetivo, o cenário econômico e a volatilidade dos ativos têm impacto nesses resultados.
Para que o Brasil atinja seu potencial, segundo a organização, é necessária a criação de políticas públicas para o fomento ao investimento em startups. O relatório destaca que o Brasil é o único país dos Brics a não seguir a recomendação da Organização para a Cooperação e esenvolvimento Econômico (OCDE) de adotar medidas de estímulo ao investimento em startups.
O tema chegou a ser inserido no Marco Legal de Startups por meio do artigo 7º, que previa que investidores poderiam compensar as perdas com investimentos em startups com os ganhos obtidos em outros. Porém, o artigo foi vetado pelo governo, e o Congresso votou pela manutenção do veto.
“O investimento em startups é penalizado enquanto outros aportes em empresas bem maiores, como as listadas em bolsa e emissoras de debêntures, é isento, o que cria um desestimulo para as startups”, diz a organização.
Perfil dos investidores-anjo
Segundo o relatório, o Brasil tem hoje 7,834 investidores-anjo, um crescimento de 13% em relação ao ano passado – entre 2019 e 2020, o número caiu de 8,220 para 6,956. O levantamento também reuniu dados sobre raça ou cor dos respondentes. Do total, 91% se declaram como brancos, 3% como pretos, pardos ou indígenas e 4% como amarelos – 2% preferiram não declarar. Junto ao dado de que apenas 16% dos investidores são mulheres, a organização avalia como lenta a evolução do ecossistema brasileiro.
“A diversidade é um requisito para a inovação, é fundamental que todas as pessoas se envolvam em ações para aumentar a participação dos mais diversos perfis no universo de startups e investimento. A ação individual e coletiva precisa estar no sentido de estímulo a diversidade”, diz Maria Rita Spina Bueno, diretora-executiva da Anjos do Brasil.
Fonte: www.revistapegn.globo.com