Marketplace que desafia gigantes do mercado pet recebe aporte liderado pelo BR Angels

A startup Woof ajuda empreendedores do setor e quer servir de meio-campo para lojistas que desejam estar no páreo das grandes redes

A resposta para ganhar destaque em um mercado tão disputado quanto o para produtos para animais de estimação, no qual grandes varejistas como Petz, Cobasi e Petlove aproveitam operações sólidas, receitas na casa dos milhões e uma extensa lista de parceiros, depende de inovação. Pensando nisso, os empreendedores Caetano Altafin e Marcela Grezes fundaram a Woof, uma startup que contraria a lógica das grandes redes ao apoiar os pet shops de bairro.

Fundada em 2018, a Woof funciona como um marketplace de produtos pet, com a diferença de anunciar por ali apenas itens vendidos por pequenos empreendedores do setor. O que a startup faz é, basicamente, atuar no meio-campo entre os tutores em busca de itens para seus animais e mais de 2 mil pet shops de bairro pelo país.

A lógica possibilita a entrega gratuita dos itens no mesmo dia ou de forma programada em 270 cidades brasileiras, de 23 estados, além de ter criado a principal rede de pet shops afiliados do Brasil.

A lógica de fidelização copia o que é visto com passagens aéreas, nos moldes dos programas de milhas. Os clientes ganham descontos em produtos recorrentes e a opção de programar compras de itens de higiene e alimentação. Na ponta, um software também permite que tutores possam receber informações e indicações de produtos adequados ao seu pet, considerando a idade, raça, hábitos e outras particularidades de cada animal.

“A nossa ideia é acompanhar o tutor e o animal de estimação ao longo de toda a vida, com as particularidades de cada momento”, diz Altafin, fundador e CEO da Woof. Para fins de comparação, a Woof atua como a Shopper, o supermercado online que já atraiu mais de R$ 300 milhões em aportes com sua proposta de compras programadas, usando os pet locais como os operadores da última milha — a entrega entre o ponto de distribuição e a casa do comprador.

Adotar o modelo de marketplace para pequenos empreendedores transforma a Woof em um canal de vendas para as PMEs do setor, hoje maior parte do mercado pet nacional, mas que ainda carece de infraestrutura tecnológica, segundo Altafin. “Queremos preparar os pet shops locais a surfar no mercado de gigantes”.

A proposta chamou a atenção de investidores. A Woof acaba de captar R$ 6,2 milhões em uma rodada liderada pelos grupos de investimento-anjo BR Angels, GV Angels, Urca Angels e Anjos do Brasil.

Segundo Orlando Cintra, fundador da BR Angels, investir no mercado pet é uma aposta promissora, e apoiar pequenos negócios do setor pode potencializar a criação de um ecossistema que, em breve, irá conectar empresas de diferentes portes. “Acreditamos que isso vai gerar valor para todos. Para nós, para a startup e para o ecossistema sendo criado dia após dia”, diz.

Universidade pet

Com o aporte, a Woof está de olho na educação empreendedora dos donos dos pet shops que fazem parte da rede. O primeiro esforço está na Woof Academy, braço educativo da startup dedicado a ajudar pet shops — e seus proprietários — a usarem dados para gerir o negócio. Por trás das aulas está um software próprio da Woof que será disponibilizado para esses pequenos negócios.

Além da parte de sistema operacional, a proposta é também oferecer aulas de marketing, gestão de estoque e gestão de negócios. “Vamos dar mais competitividade e relevância para esses comércios. Num cenário em que as grandes empresas estão engolindo esses estabelecimentos, a fórmula da Woof é apostar nos pequenos empreendedores.”

A captação também acelera os planos da Woof em lançar a Woof TV, um canal de conteúdo informativo em áudio e vídeo para tutores que querem cuidar melhor de seus pets.

Em último lugar, a Woof por Pet Shops (WPS), que integrará uma gama de soluções financeiras, digitalização de vendas, branding e marketing para pet shops afiliados. A WPS também servirá como um banho de loja, permitindo que esses estabelecimentos usem a bandeira da Woof e, em contrapartida, ganhem poder de barganha com fornecedores. “Elas já têm a penetração de mercado, falta apenas a inteligência para operar em tempos de digitalização”, diz o CEO.

Com todos os lançamentos, a Woof espera triplicar de tamanho em 2022 — mas a empresa não divulga números de faturamento. 

Fonte: www.exame.com.br