R$ 6 bilhões devem ser investidos no ecossistema de tecnologia catarinense
As movimentações financeiras estão aquecidas no setor de tecnologia catarinense. A onda de investimentos, processos de fusões e aquisições e estreia de empresas na bolsa de valores, que teve início no fim de 2020, segue a todo vapor com novos anúncios. A Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) estima que nos últimos cinco meses foram injetados mais de R$ 5 bilhões em empresas do estado por meio destes aportes e, até o fim de de 2021, a expectativa é alcançar pelo menos mais R$ 1 bilhão em investimentos em negócios na economia catarinense por meio do setor de tecnologia.
No último IPO do ano de 2020, a Neogrid, que atua com sistemas de gestão de supply chain, estreou na B3. A empresa de Joinville captou R$ 486 milhões em sua oferta inicial. No mês de março deste ano, a empresa anunciou a aquisição da Smarket Solutions, startup de Florianópolis que atua com gestão e criação de promoções e trade marketing, por R$ 8,5 milhões, com um valor total na negociação que pode chegar a R$ 17 milhões.
O ano de 2021 começou com o anúncio da Softplan, uma das principais desenvolvedoras de software do Brasil, sobre a aquisição de 51% das cotas da Checklist Fácil, scale-up especializada em software para criação e aplicação de checklists, avaliada em R$ 46 milhões. A Softplan também criou uma área de M&A, com perspectivas de investir R$ 200 milhões em três anos.
Em março, foram diversos anúncios no ecossistema catarinense. Um levantamento da plataforma Sling Hub apontou que, o estado ocupou o segundo lugar no ranking nacional de investimentos em startups, com cerca de R$ 202 milhões em aportes, atrás somente de São Paulo.
O mês também ficou marcado pela compra de 92% da RD Station pela Totvs por R$ 1,86 bilhão, a maior movimentação financeira já registrada no setor de tecnologia catarinense e maior transação privada de M&A na área de software do país. Criada há 10 anos em Florianópolis, a RD Station tem 750 funcionários e atende 30 mil empresas em 20 países com seus softwares que ajudam a digitalizar pequenas empresas.
Outros anúncios de aquisição do mês foram o da startup Effecti, de Rio do Sul, especializada em tecnologia para licitações pela Nuvini, holding de empresas SaaS; e a compra da Pollux, empresa de Joinville que possui soluções para transformação digital em fábricas, pela Accenture; e a aquisição da BR Conselhos, de Blumenau, pela Datainfo. Os valores das três transações não foram revelados.
Também em março que a Intelbras, empresa catarinense de câmeras e equipamentos de segurança eletrônica e comunicação, fez sua estreia na bolsa de valores, movimentando R$ 1,3 bilhão em sua oferta pública inicial de ações. Segundo a empresa informou, os recursos serão utilizados para aquisições, expansão da capacidade industrial, ampliação de soluções de software e hardware e expansão dos canais de varejo. Em abril, a Intelbras anunciou sua primeira aquisição após o IPO, adquirindo a Khomp – empresa catarinense que possui soluções de convergência entre computador e telefonia – por R$ 89,1 milhões.
No mês de abril, mais uma aquisição foi anunciada: a Medical Harbour, healtech de Florianópolis especializada em soluções de virtualização de imagens de anatomia e radiologia. A Afya Limiter pagou R$ 5 milhões pela empresa. “Os primeiros quatros meses do ano foram muito significativos para Santa Catarina e existe uma estimativa de que o mercado de venture capital continue aquecido. Muitos fundos estrangeiros estão olhando estrategicamente para o Brasil e o mercado de tecnologia. Além disso, os ecossistemas fora do eixo Rio – São Paulo estão conseguindo ter empresas maduras para receber esses investimentos, como é o nosso caso”, explica o presidente da ACATE, Iomani Engelmann.
Além das aquisições, catarinenses atraem investidores
Os investimentos de gestoras de venture capital, fundos e grupos de investidores anjos em empresas de tecnologia catarinenses para expansão dos negócios também chamam atenção. A Knewin, de Florianópolis, recebeu um aporte de R$ 40 milhões do fundo Oria Capital. A startup desenvolve soluções de monitoramento de notícias e redes sociais. Outra empresa da capital que também foi investida é a Kyte, que desenvolve um aplicativo de vendas on-line. O aporte de R$ 5,5 milhões foi liderado pela DGF Investimentos em conjunto com a Honey Island Capital e a Caravela Capital.
A Rede de Investidores Anjo (RIA), uma parceria entre a ACATE e a Anjos do Brasil, finalizou o primeiro trimestre comemorando rodadas de investimentos em cinco empresas. A Quiron (Lages), startup especializada em monitoramento remoto de ameaças florestais, foi uma das investidas, e recebeu um aporte de R$ 750 mil.
Outras empresas catarinenses de tecnologia que receberam investimentos recentes foram a Anestech (Florianópolis) – R$ 3 milhões de investidores-anjo; a Kiwify (Balneário Camboriú) – US$ 125 mil da aceleradora Y Combinator; a Refera (Florianópolis) – investimento de R$ 1,5 milhão da Ibagy, Brognoli e Sienge (Softplan); e a Bria Saúde, que recebeu R$ 1,2 milhão da Nion Network.
Maio também iniciou movimentando. Nesta semana o Grupo Nexxees adquiriu a startup de meios de pagamento Gold Solutions. O valor investido será dividido em duas etapas, ao longo de 24 e 36 meses, sendo que a primeira será de R$ 2,4 milhões. Outra aquisição anunciada foi a da Eyemobile, empresa que fornece soluções digitais para PMEs, por parte da Getnet, empresa de pagamentos do Grupo Santander. O valor não foi revelado.
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