Inspectral, startup de ESG, recebe aporte do BR Angels

A falta da gestão de recursos hídricos, a degradação ambiental de mananciais e o aumento da poluição de rios são problemas recorrentes nas grandes cidades. A partir de pesquisas nessas áreas, o casal de engenheiros Alisson do Carmo e Nariane Bernardo criaram a Inspectral, startup especializada em monitoramento ambiental, de recursos hídricos e do agronegócio.

O negócio que tem como um dos objetivos impulsionar o ESG dentro das companhias acaba de receber seu primeiro aporte privado, no valor de aproximadamente R$ 2 milhões, do grupo de investimento-anjo BR Angels. Orlando Cintra, fundador e CEO do BR Angels, explica que eles buscam investir em empresas conectadas com o futuro e com as tendências condutoras de transformação tecnológica. Para ele, a Inspectral traz esses valores importantes, como o ESG, além da presença feminina em cargos de liderança.

“Notamos que eles preenchem uma lacuna para um setor ainda pouco assistido por alta tecnologia, que é o de negócios que precisam de monitoramento ambiental. A solução inovadora para problemas críticos já existentes e a expertise dos fundadores foram pontos que chamaram a nossa atenção e tiveram grande impacto na decisão de investimento”, complementa Cintra.

Os empreendedores comemoram o investimento e afirmam que a empresa sempre teve como motivação a solução de problemas complexos, e que com esse aporte a startup poderá expandir ainda mais. “Esperamos que essa nova fase nos permita continuar transformando o mundo e impactando significativamente a vida das pessoas, seja em relação à água, florestas, agronegócio ou qualquer outra vertical que, no fim, tenha vidas como foco. Queremos ser verdadeiros catalisadores desse mindset”, afirma Carmo.

Com o aporte, a startup planeja aprimorar a tecnologia, visando acelerar a expansão nacional e internacional, bem como estruturar o time comercial. “Encontramos os aliados ideais no BR Angels. Nosso objetivo sempre foi trazer o investidor como um parceiro estratégico que também aportasse know-how para impulsionar ainda mais a nossa inserção no mercado, além de apoiar novas verticais a serem exploradas. E tudo aconteceu em um timing perfeito, uma vez que o nosso foco até então tinha sido validar a tecnologia e demonstrar o potencial de tração a partir da interação com os clientes. Agora, queremos ir além”, afirma Carmo.


Soluções de impacto ambiental e social

Em operação desde 2019, a empresa com sede em Presidente Prudente (SP) surgiu unindo os conhecimentos do casal nas áreas de tecnologia e meio ambiente. Usando câmeras multiespectrais embarcadas em satélites e drones, a startup consegue medir parâmetros de qualidade da água e analisar dados e inteligência geoespacial para o agronegócio.

A solução integra alta tecnologia, como inteligência artificial, data science, imagens multiespectrais, modelagem bio-óptica, geoprocessamento e imagens de drones e satélites, em uma plataforma SaaS para obter informações de forma totalmente remota, escalável e rapidamente atualizável.


Dessa forma, possibilita que empresas passem de um acompanhamento ambiental pouco frequente para um monitoramento mensal e até mesmo semanal, gerando dados e métricas que ajudam na tomada de decisão e na otimização dos processos do negócio.

Os primeiros clientes da startup foram companhias que gerenciam usinas hidrelétricas e precisavam de informações sobre a quantidade de macrófitas, plantas aquáticas que crescem e se multiplicam nos reservatórios. Para evitar prejuízos, gestores de usinas precisam verificar o deslocamento e o crescimento dessas plantas.


A tecnologia também atraiu atenção de alguns players do agronegócio para detecção de espécies exóticas e doenças em áreas de plantio. Outro avanço foi oferecer os serviços da empresa para indústrias que realizam a captação de água e assumem responsabilidades com a gestão hídrica.

“O case com a Ambev é muito interessante. Antes, existia um único parâmetro de qualidade da água, que determinava as decisões sobre as características dessa, que é a principal matéria-prima da empresa. Com o nosso trabalho foi possível entregar nove parâmetros de qualidade da água, número que tende a crescer cada vez mais com a construção de novos modelos”, conta do Carmo. Ele acrescenta que com a solução os resultados são obtidos mensalmente em tempo real, com custo bem abaixo do método tradicional.


“Os resultados na Ambev foram tão relevantes que iniciamos aplicando essa tecnologia em uma única região de operação e, já na primeira aplicação, conseguimos expandir para outras plantas de operação da empresa, inclusive internacionais”, complementa Do Carmo.


Com a iniciativa, a startup venceu o prêmio Aceleradora 100+, da Ambev, e recebeu R$ 100 mil. Antes, já havia recebido dois aportes da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) que totalizaram R$ 1,2 milhão. Em 2021, ano de consolidação, a empresa faturou R$ 100 mil. O valor foi superado em 2022, com receitas de R$ 800 mil. A projeção para 2023 é atingir um faturamento de R$ 2 milhões.

Fonte: www.revistapegn.globo.com