Três perguntas para Karim Miskulin, fundadora da Revista Voto
A série “3 perguntas para”, que exalta personalidades femininas do ecossistema de inovação, conta com a participação de Karim Miskulin. A executiva é fundadora e publisher da Revista Voto, que há 15 anos se dedica à análise política e econômica.
Em papo conduzido pela líder do BR Angels Women Network Vanessa Domene, ela contou sobre sua trajetória de pioneirismo em um mercado predominantemente masculino. Confira abaixo!
VANESSA DOMENE: Qual é a sua percepção a respeito da inovação, cada vez mais estimulada no mundo dos negócios?
KARIM MISKULIN: A inovação não é resultado da genialidade de um lampejo criativo, tão somente. Acredito na inovação como resposta para dores e demandas da coletividade. E é a partir dessa premissa que pautamos nosso dia a dia e o propósito do Grupo VOTO. É preciso também lembrar que nem sempre a inovação é um ato digital ou recorte da tecnologia. Há muitos exemplos de inovação para além de softwares.
VANESSA DOMENE: Qual é a sua experiência pessoal no setor?
KARIM MISKULIN: Provei do ecossistema de inovação pela primeira vez há 18 anos, quando nasceu o GRUPO VOTO – a primeira plataforma de comunicação e de relacionamento exclusivamente aplicada à política no país. Naquele momento, havia muita desconfiança e até curiosidade, sobretudo pela publicação ser liderada por uma mulher, pois no início dos anos 2000 as pautas política e poder eram ainda mais de domínio masculino. Do princípio até agora, entendemos que inovar olhando para necessidades latentes é o melhor caminho para a conquista de vantagem competitiva.
VANESSA DOMENE: Você presenciou mudanças na presença feminina no setor durante a sua trajetória?
KARIM MISKULIN: É inegável que estamos evoluindo em notoriedade e representatividade. Um exemplo disso é o crescimento de 60% na participação feminina no mercado de tecnologia nos últimos cinco anos. Na minha história, lembro que havia um núcleo de pensadores com mais de 30 anos de tradição no Rio Grande do Sul, frequentado exclusivamente por homens. Fui convidada para palestrar em um dos encontros e, mais tarde, me tornei titular do Conselho, com direito a voto. A primeira mulher em três décadas. É uma experiência que guardo com carinho especial.
VANESSA DOMENE: Tem alguma consideração final?
KARIM MISKULIN: Primeiro, a gente precisa demitir o estereótipo – isso é coisa de mulher, isso não é coisa de mulher. Cada vez mais tenho a certeza de que aptidões femininas não entram num glossário pautado pela história e pelos costumes. Eu quis criar um negócio sobre política há quase 20 anos e isso quebrou muitas barreiras. Hoje, vejo dezenas de mulheres guiando com inteligência e sensibilidade negócios originais, distintos, criando novos mercados. A proposta do BR Angels Women Network significa uma mão estendida para quem busca inovar, empreender e crescer. Precisamos disso.
Obrigada pela participação, Karim Miskulin!