Investidores-anjo aportaram R$ 984 milhões em startups brasileiras em 2022, diz pesquisa
Os investidores-anjo brasileiros aportaram R$ 984 milhões em startups ao longo de 2022, segundo pesquisa divulgada pela Anjos do Brasil nesta quinta-feira (15/6). O valor representa uma queda de 2% no volume investido em relação a 2021, quando foram injetados R$ 1,05 bilhão nas startups nacionais. Segundo o estudo, o valor médio dos aportes foi de R$ 124 mil em 2022, 3,7% a menos do que no ano anterior.
Os investimentos em startups sofreram uma queda geral no Brasil no ano passado: dados do Sling Hub indicam que o volume diminuiu 44%, passando de US$ 10,72 bilhões em 2021 para US$ 6,05 bilhões em 2022. O cenário macroeconômico incerto e as altas taxas de juros inibiram os investidores, que preferiram destinar seu capital para formas mais seguras de investimento.
“O investimento-anjo apresentou menor redução do que entre outros investidores, como os fundos de Venture Capital, mostrando sua resiliência mesmo diante de cenário adverso. O que manteve o patamar de investimento-anjo foi o aumento no número de investidores, compensando a queda nos valores aportados individualmente”, afirma Cassio Spina, presidente da Anjos do Brasil. “Obviamente, se houver redução da taxa de juros, isso vai estimular a realocar capital e podemos ter números melhores.”
Os números da pesquisa mostram um aumento de 2% na quantidade de investidores em 2022, passando de 7.834 para 7.963. A alta havia sido ainda maior na edição anterior, quando o número de investidores-anjos cresceu 13% entre 2020 e 2021.
“O ano de 2021 foi fora da curva, e as pessoas passaram a investir mais. Mas os dados apontam que agora estamos tendo uma retomada desses investimentos. O aumento no número de investidores mostra que não estamos vivendo um inverno total, mas é necessário incentivo. Precisamos desenvolver um trabalho conjunto para ter uma melhora real nos investimentos”, comenta Spina.
A entidade também perguntou a perspectiva dos investidores para 2023. Pela primeira vez, a pesquisa projeta uma retração: os participantes indicaram que planejam reduzir em pelo menos 4% os valores investidos neste ano.
“O Brasil precisa estimular o investimento em startups, e isso é feito por meio de políticas públicas, como a equiparação no tratamento tributário, isenção e compensação de perdas e ganhos. Outra medida é possibilitar compensação de parte do investimento no Imposto de Renda”, explica. Segundo Spina, esse estímulo não representa renúncia fiscal e não afeta na arrecadação tributária. Pelo contrário: contribui para a competitividade econômica do país, gerando mais emprego e renda, na sua avaliação.
O presidente da Anjos do Brasil complementa ainda que a possível entrada do país na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) pode ser um caminho para trazer melhorias, já que a organização exige políticas neste setor.
Quem são os investidores-anjo do país?
O cenário de investimento-anjo ainda é predominantemente masculino. O estudo indicou que 81% das pessoas investidoras são homens, 18% são mulheres e 1% não declarou o gênero. A proporção feminina cresceu timidamente: em 2021, elas somavam 16%.
86% dos investidores-anjo brasileiros são brancos, enquanto 7% são pretos, pardos ou indígenas, 5% são amarelos e 2% não declararam a identidade racial na pesquisa.
No que eles investem?
Os modelos de negócios B2B são os preferidos dos anjos brasileiros. De acordo com a pesquisa, 91% se interessam por esse tipo de negócio, 65% pelo B2C e 62% pelo B2B2C. Em 2022, o top 3 dos setores que mais chamam atenção foi formado por agtechs (57,5%), SaaS (49,4%) e healthtechs (47,9%).
A Anjos do Brasil realiza este levantamento de dados do mercado desde a sua fundação, em 2011. Nesta edição, participaram investidores que aportam de forma independente e os que integram redes, como a própria Anjos do Brasil, BR Angels, FEA Angels, Gávea Angels, GV Angels, entre outras. São considerados tanto os investidores proativos (que buscam por oportunidades) quanto os passivos (que aportam quando recebem oportunidades da sua rede de contatos).
Fonte: www.revistapegn.globo.com